Conheça os diferentes tipos de erva mate e a sua forma de utilização em cada cultura

A lendária erva-mate, planta que serve de base para o preparo de bebidas icônicas como o chimarrão e o tereré, é um marco cultural da América do Sul.

A sua história é contada de geração em geração e a sua importância atravessa os tempos, afirmando essa erva como um dos elementos culturais mais fortes da região sul do Brasil e dos países fronteiriços a essa área do país.

Mas você sabia que existem diferentes tipos de erva-mate, e que cada preparado feito com a planta exige um tipo específico?

Continue lendo esse artigo e descubra, além dos tipos de erva-mate, qual foi a origem dessa planta, a lenda que existe para explicar o seu surgimento e qual é a importância cultural desse aclamado produto natural.

Descrição e origem

A erva-mate na verdade é uma árvore de pequeno porte que pode chegar à doze metros de altura.

Possuindo um caule acinzentado e frutos semelhantes a acerolas, a erva-mate tem nas suas folhas de bordas arredondadas a sua matéria prima.

A planta foi descoberta por indígenas que já habitavam o território que hoje abrange a região sul do Brasil e países como Paraguai, Uruguai e Argentina.

O homem branco só tomou conhecimento da erva-mate, dos seus poderosos benefícios e da sua já imensa influência cultural quando jesuítas que tiveram contato com os nativos relataram o costume que os índios tinham de consumir a planta lendária.

Com o passar dos anos o cultivo da erva-mate evoluiu muito, e hoje os plantios que produzem a iguaria usam técnicas apuradas que visam a obtenção de uma erva cada vez melhor para o consumo.

O consumo ancestral e a lenda da erva-mate

Ao se deparar com os indígenas, sobretudo guaranis e charruas, os colonizadores e religiosos europeus que exploravam a região sudoeste da América do Sul, em meados do século 16, já “deram de cara” com a erva-mate.

É relatado em diversos diários de viagem que os nativos consumiam a planta em uma espécie de cuia argentina rudimentar e falavam a todo momento que a erva-mate era uma planta mágica, entregue aos índios por um mensageiro do deus Tupã.

Essa história tem como base uma lenda antiga que diz que um velho índio, que vivia em uma cabana no meio da mata junto com a sua única filha, recebeu a visita de um estranho homem que, depois de passar a noite em sua humilde cabana, o presenteou com uma carne de caça para se alimentar e fez brotar no meio da mata uma nova planta.

O estranho disse ao índio velho que a planta era especial e foi enviada por Tupã, o deus da bondade dos tupi-guarani.

Com o preparado feito a partir das folhas daquela erva, homens cansados, como o velho índio, teriam a sua vitalidade novamente.

O viajante também concedeu uma bênção para a filha do ancião, transformando a jovem em uma deusa que passou a ser conhecida como Caá-Yari, a deusa da erva-mate.

Com isso, a menina foi liberada para viver a sua vida, já que antes vivia cuidando do pai doente, que agora era um novo homem por causa da erva mágica.

Classificação científica da planta

O nome científico dado ao tipo mais comum de erva-mate é Ilexparaguariensis, por causa da alta concentração de brotos nativos da planta na região que compreende o Paraguai e o estado do Paraná.

Essa nomenclatura foi dada pelo botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, o primeiro a analisar melhor a planta, em 1820.

Segundo Saint-Hilaire, o “paraguariensis” faz referência ao Paraguai, mas a inclusão do sinônimo foi errada, pois a erva-mate cresce em maior quantidade e qualidade no Paraná, no Brasil.

Com isso, ainda segundo o botânico francês, o nome da planta deveria ter sido “Ilex brasiliensis”.

Contudo, além da classificação científica original, existem outras nomenclaturas técnicas dadas a algumas outras ramificações da planta. São elas:

  • Ilexcuritibensis;
  • Ilex doméstica;
  • Ilex mate;
  • Ilexsorbilis;
  • Ilexvestita;
  • IlexMattogrossensis;
  • IlexTheezans;
  • Dentre outras.

Os tipos de erva-mate

Os diferentes usos da iguaria, seja para o chimarrão, o tereré, o chá ou outro qualquer, depende do tipo de erva-mate utilizado.

O chimarrão, por exemplo, precisa da erva-mate em um ponto específico para que ganhe o seu caraterístico sabor.

Com isso, detalhes como produção, armazenagem e “espécie” de erva-mate determinam a aprovação ou não dos produtos da planta por seus apreciadores mais exigentes.

Confira agora quais são os tipos de erva-mate tradicionais, com que são feitas as famosas bebidas provenientes da planta.

Moída grossa

A descrição desse tipo de erva-mate faz referência ao processo de moagem utilizado.

Aqui, as folhas da planta são menos moídas e pedaços maiores são deixados para que um gosto mais forte e amargo seja preservado nos preparados.

Pura folha

Diferentemente do que é feito com outros tipos de erva-mate comercializados, a planta em sua versão “pura folha” é preparada para o consumo apenas com folhas, sem adição de nenhum outro elemento.

Esse tipo de erva-mate é mais consumido na Argentina e também possui a característica de preservar o gosto forte.

Nativa

A erva-mate nativa é feita a partir da Ilexparaguariensis, o tipo mais comum da planta.

A produção, comercialização e consumo desse tipo de erva-mate é muito forte no estado do Paraná e o resultado do processo produz uma erva mate suave, não tão amarga, mas ao mesmo tempo potente, sendo perfeita para a produção do chimarrão e do tereré.

Tradicional

O tipo tradicional de erva-mate é o mais comum no estado do Rio Grande do Sul, sendo produzido em grande escala na região do município de Venâncio Aires.

Plantas do tipo Ilexparaguariensis são cultivadas exclusivamente para a produção e na hora da moagem são adicionados 70% de folhas e 30% de pedaços do caule, conferindo amargor intermediário aos preparados provenientes da erva.

Esse tipo de erva-mate é amplamente utilizado e preferido pelos gaúchos e serve para todos os tipos de bebidas feitas com a planta, como chimarrão, tereré e o seu chá.

O peso cultural da erva-mate

Dizer que a erva-mate é um ícone cultural de peso ímpar na América do Sul, é chover no molhado.

Como já dissemos, na região sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, a planta é usada até como símbolo de órgãos estatais.

No Uruguai, Argentina e Paraguai, a erva-mate é respeitada como um importante símbolo de afirmação cultural, estando para aqueles países como o feijão com arroz está para os brasileiros, por exemplo.

No geral, a erva-mate possui os mesmos “destinos” em todos os países onde é mais apreciada, servindo sempre no preparo das bebidas tradicionais.

Contudo, a preparação do “pó” usado para fazer chimarrão, tereré e outras bebidas provenientes da planta, pode ser diferente de lugar para lugar.

No Brasil, as folhas de erva-mate são colhidas, desidratadas, refogadas e, por fim, colocadas na chamada cancha para que terminem de secar. Depois disso, vem a fase da trituração e empacotamento. Estima-se que entre a colheita e o empacotamento se leve de 48h a 72h.

Já nos demais países consumidores de erva-mate, sobretudo Argentina e Uruguai, o processo de descanso das folhas pode levar até dois anos e, só a partir daí acontece a moagem. Essa diferença confere à erva-mate um sabor mais amargo que o normal.

Elementos culturais de grande peso como a erva-mate são responsáveis por irmanar de forma evidente a cultura dos gaúchos e sulistas brasileiros no geral com os vizinhos argentinos, uruguaios e paraguaios.

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